A procura de cinema português em festivais internacionais levou a associação cultural IndieLisboa a criar uma agência de internacionalização do setor, a Portugal Film. O projeto, que conta com o apoio do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), vai ser apresentado esta quinta-feira ao final da tarde, na Casa Independente, em Lisboa, mas já tem trabalho feito. Presenças nos festivais de cinema de Berlim e Clermont-Ferrand já estão confirmadas, falta Cannes.

Dentro de fronteiras, em 2014 só o cinema português teve razões para sorrir. É que o ano que passou registou o menor número de idas ao cinema e de receitas de bilheteira da última década, de acordo com os dados do ICA os filmes nacionais tiveram a segunda melhor bilheteira desde 2005, com mais de meio milhão de espectadores. 20% foram ver “Os Maias – Cenas da Vida Romântica“, de João Botelho. Numa década, este foi o segundo melhor resultado para o cinema nacional.

Mas não é para divulgar os filmes portugueses dentro de fronteiras que vai ser criado o Portugal Film. “Percebemos que havia interesse em certos filmes e que se podia trabalhar, de uma forma mais consistente, essa aposta na divulgação internacional”, explicou Margarida Moz, à Lusa. Margarida Moz é uma das responsáveis pelo projeto, que começou a dar os primeiros passos em 2014, no seguimento de um trabalho que o festival IndieLisboa, organizado por aquela associação cultural, tem feito de divulgação internacional de obras portuguesas.

O trabalho da agência consiste no acompanhamento de longas e curtas-metragens de novos realizadores, de pequenas produtoras que não tenham grande capacidade de divulgação no circuito internacional ou de criação de uma rede de contactos. “Estabelecemos um agenciamento de proximidade para cada filme, acompanhando se possível desde a fase de finalização, para traçar uma estratégia de internacionalização”, referiu.

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Desde 2014, ainda antes de ser formalizada, a agência apoiou a internacionalização de quatro curtas-metragens e da longa-metragem “A toca do lobo”, de Catarina Mourão, selecionada para o Festival de Cinema de Roterdão, que começou esta quarta-feira, na Holanda. Ao lado da longa de Catarina Mourão vão estar mais cinco filmes portugueses, de nomes como Pedro Costa e Manuel Mozos. Na Berlinale, que começa a 5 de fevereiro, vão estar dois filmes portugueses, “Rabo de Peixe”, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, e “Iec Long”, de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata. A Portugal Film também vai lá estar, assim como em Clermont-Ferrand. Falta confirmar a presença em Cannes.

A ideia é que os filmes tenham um tempo de vida mais prolongado, capitalizando o historial de presença e reconhecimento do cinema português no circuito dos festivais, afirmou Margarida Moz.

A par do trabalho fora de portas, a agência também pretende captar atenções em Portugal, nomeadamente convidando programadores de festivais internacionais para visionamentos de cinema português. Nesses visionamentos serão mostrados filmes que, por exemplo, foram selecionados para o IndieLisboa e outros que “pela sua relevância interesse divulgar”.

A agência Portugal Film contará com um apoio financeiro de 45.000 euros do Instituto do Cinema e Audiovisual, a repartir por três anos.